O Julgamento Começa Na Casa De Deus

Derek Prince
*First Published: 1993
*Last Updated: dezembro de 2025
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Como cristãos, somos confrontados com um facto cruel e inegável: a nossa nação está sob o julgamento de Deus. Para isto, há muitas razões, mas podem ser resumidas numa simples declaração: Nós cometemos o pecado pelo qual Esaú foi rejeitado - desprezamos o nosso direito de primogenitura (Hebreus 12:15-17).
Eu limitei esta análise à situação nos Estados Unidos. Muito do que eu disse, contudo, aplica-se a outras nações que são herdeiras da herança judaico-cristã e à igreja em todo o mundo. Que Deus ajude a cada um de nós a aceitar a nossa responsabilidade pessoal!
Deus julga-nos de acordo com a quantidade de luz que tivermos recebido. Em outras palavras: Deus julga-nos de acordo com o entendimento que tivermos recebido. Jesus disse aos Judeus do Seu tempo que o julgamento deles seria muito mais severo do que o de Sodoma e Gomorra, porque tinham recebido uma revelação muito maior da verdade. (Mateus 11:20-24)
Vejamos o exemplo da América neste século. Nenhuma outra nação tem tido o mesmo acesso à Palavra de Deus como o povo americano. Através da cultura e tradição, de igrejas e evangelistas, do rádio e televisão, e da palavra impressa, a América tem sido abençoada acima de todas as outras nações com o conhecimento da verdade de Deus. O seu julgamento por rejeitá-la será proporcionalmente mais grave. Muitos cristãos não se apercebem que o julgamento de Deus não começa com o povo do mundo, mas com o povo de Deus. Pedro disse aos cristãos do seu tempo:
“Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus? ” (1 Pedro 4:17)(ACF, Almeida Corrigida Fiel).
Essas palavras aplicam-se igualmente à Igreja de hoje. De todos os pecados que pudessem ser atribuídos à Igreja contemporânea, é suficiente focarmo-nos em dois: materialismo e compromisso. Em Lucas 17:26-30 Jesus predisse que o período antes do Seu regresso seria como os dias de Noé e Ló. Ele mencionou especificamente oito atividades características daqueles dias: comer, beber, casar, noivar, comprar, vender, construir, plantar. Ainda não há nada especificamente pecaminoso, em qualquer destas atividades. Qual era, então, o problema?
O problema era o materialismo. O povo daqueles dias tinha-se tornado tão absorto por aquelas atividades materialistas que não se apercebiam do juízo iminente de Deus na sua vida carnal. Quando o julgamento chegou, eles estavam completamente desprevenidos. O mesmo acontece hoje em dia na vida de muitos cristãos confessos. Se os julgamentos finais de Deus anunciassem de repente o regresso de Cristo, eles não estariam minimamente preparados.
Tal como o materialismo, o pecado do compromisso muitas vezes não é reconhecido. Há cerca de dois anos, enquanto orava, tive uma imagem mental do interior do edifício de uma igreja típica com filas de bancos, uma plataforma, um púlpito, um piano, etc. Mas todo o edifício estava permeado por uma espécie de nevoeiro. Os contornos dos objectos podiam distinguir-se, mas nada estava bem definido. Enquanto eu pensava o que representava o nevoeiro, Deus deu- me uma palavra bem clara: compromisso.
Na igreja contemporânea, a maior parte das principais verdades morais e doutrinais, tão claramente reveladas no Novo Testamento, tornaram-se vagas e ineficazes. Em 1 Coríntios 6:9-10 Paulo escreveu:
“... Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” (ARIB, Almeida Revisada Imprensa Bíblica)
No entanto, hoje, a igreja está cheia de pessoas que cometem estes pecados, mas ficam completamente despreocupados. De facto, muitas vezes gabam-se desses pecados.
Um membro da igreja estava no hospital, morrendo com SIDA, que contraiu através de práticas homossexuais. Então ele recebeu Cristo e foi-lhe dado um Novo Testamento. Depois de ler algumas coisas no Novo Testamento, ele enviou uma mensagem urgente à pessoa que o tinha levado a Cristo: “Vem e ora por mim. Eu preciso de libertação. Eu nunca soube que existia algo de errado no meu estilo de vida.”
Há alguns anos, na altura do Natal, a nossa equipa organizou e comprometeu-se com Ruth e eu aparecermos em duas apresentações da televisão PTL (cristã). Como não vemos televisão, não fazíamos ideia o que esperar. Eu era suposto ser o principal “orador”. Na primeira hora, deram-me dez minutos, e na segunda hora, vinte minutos. A maior parte do tempo foi utilizado para pedir dinheiro e vender bonecas Tammy. Tanto quanto me lembro, Ruth e eu fomos as únicas pessoas que mencionaram Jesus.
Pouco tempo depois houve uma exposição pública dos escândalos que agora tornaram-se notórios. Mas para mim a coisa mais chocante não foi qualquer delito sexual ou financeiro, por mais doloroso que fosse. O que realmente me chocou na altura, e ainda me choca hoje, é o reconhecimento de que milhões de americanos estavam a ser continuamente confrontados com uma imagem completamente falsa do cristianismo - que não tinha espaço para a cruz, com as suas exigências por humildade, por santidade e por uma vida de sacrifício. Que coisa terrível perceber que aquela gente, que tinha sido seduzida por tal apresentação, podia nunca chegar a ouvir a verdade crucial do evangelho!
O escândalo na PTL faz agora parte da história, mas deixou-nos com uma questão para a qual precisamos de resposta: teria sido simplesmente um fenómeno isolado, ou um sintoma de uma doença que afeta o Corpo de Cristo em todo o mundo?
No entanto dentro da igreja há um remanescente de sinceros, devotos seguidores de Jesus. Se estamos entre esse número, como é que Deus nos pede para respondermos à crise presente?
2 Crónicas 7:14 dá-nos uma resposta clara:
“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” (ACF)
A frase, “o meu povo, que se chama pelo meu nome,” aplica-se a todos os cristãos que se intitulam de cristãos.
Há pelo menos 30 anos tenho ensinado sobre esta Escritura, mas recentemente fui confrontado por uma perceção chocante! O povo de Deus nos nossos dias nunca cumpriu a primeira condição. Nós realmente nunca nos humilhamos. O nosso orgulho - quer religioso, quer racial - permanece como uma barreira que retem a resposta às nossas orações por nós próprios e pela nossa nação.
Através do tratamento rigoroso de Deus na minha vida, aprendi qual a forma mais eficaz para nós nos humilharmos. Muito simplesmente, é através da confissão dos pecados. Se nós confessarmos os nossos pecados a Deus regularmente e com sinceridade, é impossível aproximarmo-nos d’Ele com uma atitude de orgulho. Além disso, tenho reparado que Deus só se comprometeu a perdoar os pecados que nós confessamos.
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.”(1 João 1:9)(ACF).
Pecados não confessados são pecados não perdoados. Assim, a barreira do orgulho constrói uma segunda barreira, a do pecado não perdoado.
A Bíblia estimula-nos a confessar os nossos pecados não apenas a Deus, mas também uns aos outros.
“Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados.” (Tiago 5:16)(ARIB).
Confessar os nossos pecados a Deus tem a ver com o orgulho vertical; confessar os pecados uns aos outros, tem a ver com o orgulho horizontal. Nós dificilmente conseguimos manter uma atitude de orgulho com uma pessoa a quem confessámos os nossos pecados pessoais.
Isto aplica-se especialmente entre maridos e mulheres. Aqueles que regularmente confessam os seus pecados um ao outro, não são separados por uma barreira de orgulho.
Além disso, a confissão de pecado é uma condição essencial para uma intercessão eficaz. Daniel foi um dos personagens mais justos na Bíblia, mas quando ele se dispôs para interceder pelo seu povo Israel, começou por reconhecer a sua parte nos seus pecados (Daniel 9:3-13).
Acredito que Deus esteja à nossa espera como cristãos para humilharmo-nos perante Ele e uns aos outros confessando os nossos pecados. Só depois de termos feito isso, poderemos avançar e reivindicar a cura da nossa terra. Mas devo juntar uma palavra de aviso. Não comece a entrar em introspeção mórbida! O Espírito Santo é “o dedo de Deus” (Mateus 11:28; Lucas 11:20). Peça a Deus para pôr o seu dedo nos pecados que precisa de confessar. Ele vai fazê- lo com precisão infalível, provavelmente trazendo à luz os pecados que nunca tinham sido reconhecidos como tal!
Código: TL-L001-100-POR









